18 de nov. de 2010

VALE DO AMANHECER


Fotos




O Vale do Amanhecer, em Brasília, é um lugar que mostra o quanto pode ser eclética a fé do brasileiro. E onde o êxtase ocorre com a prática da mediunidade: a crença de que os homens podem se comunicar com seres invisíveis.
O templo sagrado do Vale do Amanhecer que chega a reunir num único dia dois mil médiuns.
Na doutrina espírita, médium é toda pessoa que sente, em algum grau, a presença dos espíritos.
Neste lugar, logo na entrada do templo, os médiuns acreditam estar em contato com seres espirituais muito evoluídos, mentores invisíveis que canalizam suas forças através dos médiuns em benefício de alguém que está no meio da roda.
No centro do templo, está a mesa evangélica. Segundo a doutrina do Vale do Amanhecer, lá, espíritos sofredores recebem auxílio dos médiuns.

“O espírito sofredor é essencialmente aquele espírito desencarnado, seja recém desencarnado ou desencarnado há mais tempo, que por suas dores, angústias, mágoas e realizações, ou pela pura incompreensão, não seguiu um destino melhor espiritualmente“, diz o mestre Jarbas Guimarães.

Esses sofredores, que seriam pessoas que morreram, mas cujos espíritos permanecem presos à terra, entram no corpo dos médiuns que estão sentados. Os médiuns que estão em pé auxiliam transmitindo energias positivas.
Algo semelhante ocorre neste setor do templo sagrado do Vale do Amanhecer. Este é o chamado "trabalho de tronos". A crença é que os pretos velhos e as pretas velhas, ex-escravos que possuem conhecimento espiritual, atuam incorporados nos médiuns, orientando e consolando os aflitos e libertando essas pessoas de forças negativas.
O médium que recebe os espíritos, chamado "apará", entra em êxtase espiritual.

“A partir do momento em que a força tomou o seu sistema, ele sente uma outra natureza dentro dele. Ele sente uma natureza muito mais sublimada, muito mais paciente, muito mais sábia. Ele sente”, diz mestre Jarbas.

Na outra extremidade do templo, está a imagem do grande mentor espiritual do Vale do Amanhecer: Pai Seta Branca, considerado um espírito de luz, que em outras encarnações teria sido São Francisco de Assis e também um grande líder da nação tupinambá.
Pai Seta Branca, que segundo esta doutrina trabalha em sintonia com o princípio da caridade cristã, seria o líder de uma formidável variedade de entidades espirituais, chamada Corrente Indiana do Espaço. É uma corrente eclética, que reúne espíritos de negros, índios, caboclos, ciganos, magos, sereias, orientais.
Estas imagens seriam recebidas dos planos espirituais por este artista médium, Joaquim Vilela. Ele aponta outro grupo de mentores da corrente do Pai Seta Branca: entidades vindas do espaço em veículos chamados "estufas".
Fora do templo, ocorre o trabalho de estrela. A finalidade, segundo esta doutrina, é atrair espíritos muito negativos e ajudá-los a seguir em direção à luz. A médium Natália de Queiroz trabalha com uma energia atribuída a Iemanjá, a rainha das águas na tradição afro-brasileira.

“Eu sinto só aquela vibração boa, sinto aquela vibração boa como se estivesse nas águas, mesmo”, diz Natália.

Os homens, chamados jaguares, usam calças marrons para evocar as roupas de Francisco de Assis.
As mulheres são ninfas, cada roupa se refere a uma corrente de seres espirituais.
Este lugar e esta doutrina nasceram dos olhos de Tia Neiva, líder espiritual do Vale do Amanhecer, tida como clarividente pelos seguidores desta linha religiosa.

“Eu me transporto e vejo coisas que Jesus me concede que eu veja”, disse Tia Neiva numa entrevista.

Tia Neiva morreu em novembro de 1985, há vinte anos. Nas décadas de 70 e 80, milhares de pessoas, inclusive artistas e políticos, vinham buscar a orientação dessa sergipana que teve uma vida muito dura.

“Ela ficou viúva aos 22 anos e ela ficou sozinha, com a filha. Então ela foi e tirou a carteira de habilitação. Foi a primeira motorista profissional do Brasil”, diz mestre Raul Zelaya, filho de Tia Neiva.

O filho Raul diz que era neste quarto que Tia Neiva entrava em êxtase mediúnico.

“Ela passou a ter esse fenômeno de ver espírito. O olhar dela era como se tivesse olhando o infinito. Como se estivesse distante”, conta Raul.

A missão de Tia Neiva cresceu. Compare o Vale do Amanhecer na época em que ela morreu e agora: em torno do vale, cresceu uma cidade de 30 mil pessoas.

Hoje, o sucessor de Tia Neiva é o brasileiro nascido no Líbano Michel Hanna, que recebeu o título de trino sumanã, o maior na hierarquia da doutrina.

Ele foi um dos que ajudaram a criadora do Vale do Amanhecer a expandir esta missão, que hoje se espalhou por outros templos no Brasil e no exterior. É assim que ele define o êxtase da prática mediúnica:

“A mediunidade é uma voz direta do céu. Através dela, dessa comunicação, a gente caminha”, diz Michel Hanna.

3 comentários:

  1. obrigado por nos manter informados,seu site esta maravilhoso!

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  2. uma correçaõ,naõ sou mais jaçana,como esta em cima escrito na msn agora sim cg;aganara tá.boa tarde!o seu site está cada vez maravilhoso!

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